Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
A menina que eu gostava
Não gostava como eu
O que diriam Van Gogh e Monet diante de um novo Impressionismo?
Sou da tese _ e repito, ainda que sob tortura intelectual! _ de que a tendência de nossa tradição pensante é por demais enclausurante. As pessoas são postas ante classificações fechadas e, dessa sorte, não conseguem pensar os e nos fenômenos.
E isso, a propósito, não foi diferente no plano da dita Arte. Hermética, complexa, devotada a eleitos, ela jamais seria o que nosso povo, “tão ignorante”, pudesse querer que fosse.
O que um crítico de Arte jamais vira é que, pesar do protecionismo rosacruciano, tão comprometido com o próprio umbigo, há as expressões artísticas imprevistas.
Vejamos o Impressionismo. Movimento artístico surgido na França (tenho dúvidas quanto à origem!), baseia-se na idéia de que a criação na tela, constituída por “lances de tinta”, era determinada pelos movimentos da natureza, particularmente do Sol. Tomando-se por base as orientações deterministas, isso seria outra maneira de insinuar que qualquer criação humana _ leia-se gestos, atitudes, comportamentos etc _ seria condicionada pelo ambiente.
Considerando a produção acima, primariamente “música pra criança”, observamos o seguinte:
No título, PIRULITO QUE BATE BATE, o agente _ pirulito _ seria aquele que ocupa o poder de decisão que, aliás, se repete(lembre-se de que “bater o martelo”, na justica,é indício de tomada de decisão líquida e certa, ou seja, irrevogável).
Na sequência, o verso “pirulito que já bateu” sugere um comportamento que tenha sido pré-determinado pela natureza (afinal de contas, a narrativa bíblica fala de um espaço natural em que do homem teria surgido a mulher). Em outras palavras, o comportamento atual teria sido determinado naturalmente.
Adiante, o poderio fálico_insinuado na escolha do núcleo do título _ é reiterado na posição dos 2 últimos versos da primeira estanza: é a voz do homem que se sobrepõe à da mulher,pois finda a mensagem (não é à toa, aliás, que se diz que “quem ri por último ri melhor”). Ao final, os 2 últimos versos parecem insinuar um “combate amoroso”, em que o gostar do homem, novamente, supera.
Considerando que a natureza tenha lançado suas tintas sobre a produção dessa cantiga, não poderíamos falar de uma “tela impressionista”?
E por que não?